A gastronomia sustentável é uma abordagem consciente da alimentação que busca equilibrar sabor, saúde e responsabilidade ambiental. Paulo Cabral Bastos explica que não se trata apenas de escolher ingredientes orgânicos, mas sim de todo um sistema que envolve produção local, redução de desperdício, respeito às estações do ano, valorização de produtores regionais e práticas éticas no preparo dos alimentos.
Em um mundo cada vez mais afetado pelas mudanças climáticas e pelo consumo excessivo, comer de forma sustentável se tornou uma atitude urgente. A alimentação é responsável por uma grande parte da emissão de gases de efeito estufa, uso da água e degradação do solo. Portanto, escolher o que e como comemos pode ter um impacto real e positivo na preservação do planeta.
Como os chefs estão liderando essa revolução?
Os chefs de cozinha deixaram de ser apenas criadores de pratos saborosos para se tornarem verdadeiros agentes de transformação. Nomes como Massimo Bottura, Alex Atala, Virgilio Martínez e Ana Roš vêm utilizando sua visibilidade para promover práticas mais conscientes. Eles priorizam ingredientes locais, muitas vezes resgatando alimentos nativos esquecidos ou mal aproveitados, e trabalham com comunidades tradicionais para garantir que a cadeia produtiva seja justa e sustentável.
Além disso, Paulo Cabral Bastos destaca que muitos chefs vêm adotando o conceito de “cozinha do aproveitamento”, onde cada parte do ingrediente é utilizada de maneira criativa, reduzindo o desperdício a quase zero. Essas iniciativas estão transformando a maneira como pensamos a alimentação, e provando que é possível unir alta gastronomia e responsabilidade ambiental.

Restaurantes podem realmente ser sustentáveis?
Sim — e muitos já estão fazendo isso de forma exemplar. Restaurantes sustentáveis investem em uma série de práticas que vão desde a escolha de fornecedores até a gestão de resíduos. Utilizar alimentos da estação, reduzir o consumo de carne, instalar composteiras, adotar energia limpa, minimizar o uso de plástico e até mesmo cultivar suas próprias hortas urbanas são apenas algumas das ações comuns nesse tipo de estabelecimento.
Paulo Cabral Bastos menciona que um exemplo inspirador é o restaurante Nolla, na Finlândia, que opera com lixo zero, e o Silo, em Londres, projetado para eliminar qualquer forma de desperdício. No Brasil, restaurantes como o Tuju, em São Paulo, e o Origem, em Salvador, têm se destacado pela valorização de ingredientes regionais e pela conexão direta com agricultores locais.
Como a gastronomia sustentável pode influenciar o consumidor?
A gastronomia sustentável tem um enorme poder educativo, pontua Paulo Cabral Bastos. Quando um restaurante decide adotar práticas conscientes, ele não está apenas oferecendo uma refeição: está promovendo uma nova forma de pensar. Clientes que vivenciam essa experiência são estimulados a refletir sobre seus próprios hábitos alimentares. Eles passam a valorizar a sazonalidade dos alimentos, a origem dos ingredientes e a importância da biodiversidade.
Além disso, a estética da comida sustentável — colorida, viva, criativa — também contribui para esse encantamento. Muitos estabelecimentos também usam suas redes sociais para divulgar informações educativas, como dicas de aproveitamento integral de alimentos ou histórias de seus produtores parceiros. Dessa forma, cada prato servido se torna uma oportunidade de engajamento e transformação social.
Em suma, para Paulo Cabral Bastos, o futuro da gastronomia sustentável passa pela inovação, educação e colaboração. Novas tecnologias, como agricultura vertical, proteínas alternativas e sistemas inteligentes de gestão de resíduos, devem revolucionar como produzimos e consumimos alimentos. Ao mesmo tempo, é essencial fortalecer a educação alimentar, desde as escolas até os meios de comunicação, para formar consumidores mais conscientes e exigentes.
Autor: Anastasia Petrova